Os monges budistas são vegetarianos?

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Chegando aqui na Tailândia, eu me deparei com uma dificuldade… quase não tinha comida vegetariana.

A base da comida tailandesa é frango, carne de porco, peixe e frutos do mar.

Em cada país novo, eu gosto de turistar nos supermercados, isso é sempre uma boa oportunidade de conhecer os ingredientes locais.

Mas para a minha surpresa, muitos temperos tinham uma pasta de camarão, então eu já sabia que encontrar uma comida 100% vegetariana seria mais difícil.

 

Comida de Rua

Na Tailândia é super comum comer em carrinhos na rua, eles chama de “street food”. Seria como os nossos carrinhos de cachorro quente.

Outro dia, eu pedi um famoso macarrão na versão vegetariana chamada Pad Thai.

Eu não acreditei como o chef preparou… ele primeiro colocou 2 camarões para fritar… pegou um molho que tinha outros camarões secos… e preparou o meu molho…

Depois ele fez o meu macarrão vegetariano, juntou tudo, tirou os dois camarões fritos e me serviu… hahaha…

Depois desse dia, eu desisti de comer comidas vegetarianas na Tailândia… hahaha

 

Os monges budistas são vegetarianos?

Então perguntei para um amigo tailandês se os monges budistas eram vegetarianos.

Ele não entendeu muita a minha pergunta… hehehe… porque para eles comer carne é super natural!

Eles não tem uma cultura vegetariana.

O Buda disse: “Nada pode sobreviver sem comida”. Esta é uma verdade muito simples e muito profunda.

O amor e o ódio são fenômenos vivos. Se não alimentarmos nosso amor, ele morrerá e poderá se transformar em ódio.

Se queremos que o amor viva, temos que cultivá-lo e alimenta-lo todos os dias.

Com o ódio é a mesma coisa… Se não alimentarmos, ele morrerá.

Thich Nhat Hanh

 

O QUE O BUDA DISSE SOBRE SER VEGETARIANO?

Procurando alguma informação na internet, eu encontrei um artigo do monge Ajahn Brahmavamso, no qual ele comenta sobre a alimentação e o budismo na Tailândia.

“Há mais de 2.500 anos, os monges budistas dependem de caridade para comer. Por via de regra, eles ainda estão proibidos de cultivar seus próprios alimentos, armazenar comida ou cozinhar as suas próprias refeições.

Todas as manhãs, eles saem para pedir comida nas comunidades e irão aceitar livremente qualquer coisa que lhes é oferecido. Quer seja uma comida saudável ou ruim, deliciosa ou horrível. Os monges devem aceitar com gratidão e considerar essa comida como um remédio.

O Buda estabeleceu várias regras que proíbem os monges de pedir uma comida que eles gostassem. Como resultado, eles deveriam receber a mesma comida que as pessoas comuns comem e que muitas vezes são feitas com carne.

Uma vez Devadatta, o primo do Buda, tentou ser mais rigoroso do que ele e propôs que todos os monges fossem vegetarianos. O Buda se recusou e repetiu mais uma vez o regulamento que estabeleceu anos antes, que monges podem comer peixe ou carne, desde que não seja de um animal cuja carne é proibida ou enquanto não tiveram motivos para acreditar que o animal foi abatido e ofertado especificamente para eles.

Ajahn Brahmavamso comenta que em seus primeiros anos como um monge no Nordeste da Tailândia, teve que encarar muitas vezes arroz grudento com rã, caramujo, molho curry com formigas vermelhas ou gafanhotos fritos.

Esse disse:

– Eu teria DADO QUALQUER COISA para ser vegetariano novamente!” 

 

Foto de rowdh.wordpress.com

Foto de rowdh.wordpress.com

DURANTE UM RETIRO DE MEDITAÇÃO NA TAILÂNDIA

Em Suan Mokkh, um retiro de Meditação na Tailândia, nós repetíamos um verso antes do café da manhã. Esse verso nos ajudava a refletir no significado do alimento proposto pelo Buda. O verso dizia:

Com sábia reflexão, eu como este alimento.

Não para engordar, nem para ficar mais bonito.

Somente para cuidar deste corpo,

Para permanecer vivo e saudável,

Para ajudar na jornada da vida espiritual.

Assim, eu deixo de lado todos os sentimentos desagradáveis

E não procuro criar novos.

Assim, a vida continua,

Sem culpa, confortável e em paz.

O propósito das refeições no retiro era proporcionar uma alimentação simples e saudável, que fosse nutritiva e suficiente. Comíamos o que era essencial.

Durante esse retiro, todas as refeições servidas eram vegetarianas.

 

COMUNIDADE BUDISTA E VEGETARIANOS

A Tailândia tem uma população de mais de 68 milhões de pessoas e dessas 90% são budistas.

É difícil encontrar comida vegetariana na Tailândia, então fica claro que na Tailândia, ser budista não significa ser vegetariano.

Eu também pude vivenciar algo muito parecido em Bylakuppe, um campo de refugiados tibetanos na Índia. Em um pequeno restaurante tibetano, eu pedi uma comida vegetariana e para minha surpresa eles não tinham.

Depois conversando com alguns tibetanos locais, eles falaram da dificuldade de conseguir alimento nos altos platôs do Tibet. Então eles não têm uma restrição alimentar por causa da dificuldade de se encontrar alimentos nessa região tão alta e fria.

 

Eu Vegetariano?

Quando eu decidi me tornar um vegetariano, eu decidi pelo fato de me senti melhor sem carne.

As vezes eu como peixe ou frutos do mar. Tudo tranquilo! Tudo depende da situação. Muitas vezes as pessoas me convidam para jantar em suas casa ou para sair e fica aquela duvida… O que ele come? Eu respondo… Eu como peixe… 

Depois de muitos anos como vegetariano (ovo-lacto vegetariano), eu compreendo que cada pessoa tem um metabolismo diferente, necessidades diferentes, cultura social e familiar diferente.

Ser vegetariano é simplesmente uma opção pessoal.

 

Vegetarianos e o momento atual

Eu acredito que no passado tínhamos um problema na produção de alimentos, que já foi superada. Contudo criamos outro problema, a forma como produzimos esses alimentos.

Atualmente os animais em sua maioria são criados em campos de concentração, torturados e envenenados.

Hoje já se fala em carne sintética, feita a partir de células tronco.

Talvez no futuro, o problema da criação dos animais também seja resolvido.  Leia mais sobre em EPOCA

Um outro problema são os agrotóxicos.

Uma vez um agricultor me disse: a soja boa é aquela quando o inseto come, ele morre.

Em uma matéria escrita pela Melissa Diniz da UOL, debate muito bem esse assunto.

“Hoje o brasileiro consome 7 litros de agrotóxicos por ano.

 O pensamento comum é de que frutas, legumes, grãos, cereais e outros alimentos naturais viram um banquete de nutrientes e vitaminas que se transformam em mais saúde para o corpo.

Seria perfeito mesmo, não fosse a presença de ingredientes adicionados à grande maioria deles ainda na terra: os agrotóxicos.

Estas substâncias químicas são usadas aos montes na agricultura brasileira, a tal ponto que, desde 2008, o Brasil ocupa o posto de campeão mundial no uso de agrotóxicos para manter as pragas longe das lavouras, segundo dados do Ibama.

Se de um lado o agronegócio progride com a garantia de colheitas sem prejuízos, por outro nos tornamos consumidores de substâncias desconhecidas, muitas delas consideradas, inclusive, cancerígenas. Um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz aponta que cada brasileiro consome, em média, 7 litros desse veneno por ano.” Leia mais em UOL

 

O que eu penso sobre ser vegetariano hoje?

Bom… para mim a discussão em relação a comida não é mais ser vegetariano ou carnívoro, a discussão atual é não comer alimentos envenenados, sejam eles de origem animal ou vegetal. Porque ser vegetariano hoje pode ser mais perigoso do que comer carne, dependendo da origem dos vegetais que você consome.

Para que essa mudança ocorra de forma concreta, a indústria tem que investir mais em alimentos orgânicos, porém a indústria só vai fazer isso se ela ganhar mais dinheiro com produtos orgânicos do que com os envenenados.

Então para que isso aconteça, nós precisamos “financiar” essa transição, comprando mais produtos orgânicos do que os envenenados.

E você… O que você anda comendo?

 

Leia mais sobre esse assunto em:

Budismo e Vegetarianismo: Questão de opinião? por Marcelo Prati

Budismo e Vegetarianismo : A relevância da dieta alimentar nas Escrituras Sagradas do Budismo. por André Otávio Assis Muniz (Hôraku Ajyari)

What the Buddha Said About Eating Meat por Ajahn Brahmavamso

Eu sou Nandan

Gostaria de compartilhar minhas viagens pelo mundo exterior e interior e mostrar que a felicidade é o melhor caminho! Sou um Yogi, formado em odontologia e tenho dedicado meus últimos anos ao trabalho voluntário. Concentrei meus estudos em pesquisas de dores orofaciais e crônicas, o que me levou a fazer uma especialização e mestrado na Escola Paulista de Medicina. Conheci o Yoga em 2003 e minha vida tomou uma nova direção. Em 2005, eu já morava em Kerala, no Sul da India, onde permaneci por 7 anos em busca da realização através dos ensinamentos do Yoga. Fiz vivências em diferentes centros e tive também a oportunidade de conhecer e conviver com mestres iluminados. O Yoga e a Meditação me ensinaram o significado de ser feliz. Por isso eu quero convidar você, vamos juntos trilhar o caminho da Felicidade!

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