Mente Vazia?

A mente nunca está totalmente vazia, então o termo “mente vazia” está mal interpretada.

A busca de uma mente vazia é um grande erro de interpretação.

A palavra vazio tem diferentes conotações e muitas delas negativas.

Quando você escuta alguém dizer:

-Estou sentindo um vazio!

O que você sente?

 

Esvaziar a Mente Turbulenta

Uma expressão mais adequada seria esvaziar a mente turbulenta, aquela mente que não para de pensar e só te causa problemas.

Seria como uma piscina com a água toda agitada em um dia de chuva, onde cada gota seria um pensamento agitando ela.

Então esvaziar a mente, seria diminuir a quantidade de pensamentos e acalmar a mente.

No estado meditativo, a última coisa que você vivência é um vazio…

No estado meditativo, você vivência uma plenitude!

 

Vazio ou plenitude?

Se a mente não é para estar vazia, ela deve estar plena do quê?

Imagine que cada pensamento contém a energia para acender uma lâmpada.

Sua mente turbulenta acende cerca de 50.000 lampadas por dia.

Agora, imagine passar um dia sem acender uma lâmpada…

Essa energia que você não gasta, gera uma plenitude de possibilidades.

Estar com uma mente livre de pensamentos turbulentos é estar com todas as suas faculdades e habilidades em sua máxima plenitude de possibilidades.

Então imagine uma piscina com a água completamente parada e uma única gota de chuva cai em seu meio… você pode ver perfeitamente as ondas se formando e a água se movimentando.

Essa é uma experiência que lhe trás um sentimento de bem estar, equilíbrio e harmonia.

Assim é uma mente em seu estado de plenitude, ela não está vazia… ela está plena… cheia de energia… alegre… tranquila… contemplativa… equânime…

Por que a sensação de vazio ocupa tanto espaço? ~ Desconhecido

 

O Templo da Caverna de Dambula no Sri Lanka

 

O Vazio e o Budismo

Esse erro de interpretação também começou quando se traduziu a palavra do budismo “Śūnyatā“, pois “śūnya” significa zero, nada ou vazio e “ta” significa um estado ou condição.

Um termo do inglês usado para se traduzir essa palavra é “emptiness”, que é formado pelas palavras “empty” que significa vazio e “ness” que significa um estado ou condição.

Mas no português, se traduziu apenas como vazio.

Se fossemos utilizar uma tradução no português seria algo como “vaziedade”, mas nunca vazio.

Existe também o termo “Vacuidade“, mas segundo a tradutora Bia Bispo, a sua origem vem do “Vácuo” e no budismo a origem é “Vazio”.

O segundo erro é colocar esse termo fora de contexto, pois o termo “vaziedade” significa simplesmente que não se pode identificar como si próprio ou ter algo relacionado com o próprio eu ou uma vaziedade de uma existência inerente.

O estado mental de “vaziedade” seria não acrescentar nada e nem remover nada do que já está presente. Seria permitir observar as coisas como elas estão.

No budismo theravada, sunyata ou suññatā frequentemente se refere à natureza da não-personalidade.

No budismo mahayana, sunyata refere-se ao princípio de que “todas as coisas são vazias de existência e de uma natureza intrínseca”.

Durante a meditação, o meditador pode investigar a verdadeira natureza de todas as coisas e nela ele vai encontrar a vaziedade de uma existência inerente.

 

Como eu conheci o termo “Vaziedade”

O termo vazio, sempre foi algo que me incomodou, porque era algo que eu nunca havia experimentado em minhas meditações.

Então, eu logo percebi que existia algum erro de interpretação.

Em uma de minhas viagens pela India, conversando com uma amiga, Karen, hoje monja Lobsan Chondron, ela falou a palavra “Vaziedade”.

Naquele momento, escutar aquela palavra foi como ter encontrado uma jóia.

No Budismo Tibetano, a “Vaziedade” é um dos temas centrais de seus estudos.

Algum tempo depois, eu recebi um comentário nesse post, de Bia Bispo sobre Śūnyatā“. 

Mas o que eu não sabia, era que a monja Lobsan Chondron, havia aprendido a palavra “Vaziedade” exatamente da Bia Bispo.

Bia Bispo é uma estudiosa e praticante do Budismo Tibetano desde 1992 e é atulamente a interprete ofical do Dalai Lama para o português.

Ela também é a responsável pela interpretação da palavra “Vaziedade” para o português.

Saiba mais sobre os estudos da Bia em seu Blog: https://dharmaemportugues.com/

No budismo, outro grande ensinamento é a “Origem Interdependente” e escrever esse post é uma prova real de que tudo é realmente “interdependente”, porém ele se originou da “Vaziedade”.

Falando em vazio, isso me faz lembrar que a minha mãe sempre me dizia… “Menino… você não tem nada na cabeça!”

Acho que isso era um bom sinal!

 

Eu sou Nandan

Gostaria de compartilhar minhas viagens pelo mundo exterior e interior e mostrar que a felicidade é o melhor caminho! Sou um Yogi, formado em odontologia e tenho dedicado meus últimos anos ao trabalho voluntário. Concentrei meus estudos em pesquisas de dores orofaciais e crônicas, o que me levou a fazer uma especialização e mestrado na Escola Paulista de Medicina. Conheci o Yoga em 2003 e minha vida tomou uma nova direção. Em 2005, eu já morava em Kerala, no Sul da India, onde permaneci por 7 anos em busca da realização através dos ensinamentos do Yoga. Fiz vivências em diferentes centros e tive também a oportunidade de conhecer e conviver com mestres iluminados. O Yoga e a Meditação me ensinaram o significado de ser feliz. Por isso eu quero convidar você, vamos juntos trilhar o caminho da Felicidade!

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  1. Oi Nandan, Gostei do seu comentário sobre `vaziedade´ muito bem colocado. Eu moro em Dharamsala e estudo o budhismo Mahayana aqui desde 1992. E nunca gostei do uso da palavra vacuidade como tradução de `emptiness´, pois não significa minimamente o real significado da `shuniata´ na lógica budista… Nas minhas traduções sempre usei ´vazio de existência inerente. Finalmente dois anos atrás descobri que existe a palavra vaziedade e que não é um neologismo, como muitos diziam. Desde então sempre a uso. E fiquei feliz de ler esse artigo seu. Muito obrigada e boa sorte. Bia Bispo

    1. Oi Bia! Tashi Delek! Uma honra receber uma mensagem sua!!! Eu “já te conheço” ou quase… sou amigo da Karen que também mora ai… Quando estive em Dharamsala, você estava em viagem e infelizmente não pudemos nos conhecer, mas tenho certeza que teremos uma oportunidade de nos conhecer! Eu concordo plenamente com você e com seu comentário. Gratidão por compartilhar!!!

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